Sequelas Psiquiátricas e Neurológicas no Pós Covid
- saudepsicofisica

- 22 de jan. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 2 de fev. de 2022
Estudos identificam sintomas neurológicos e psiquiátricos em pacientes pós-covid.
Sequelas neurológicas e psiquiátricas têm figurado no ranking de queixas comuns entre pacientes afetados pela Covid-19, segundo publicações científicas recentes. O médico psiquiatra Rodolfo Damiano, do Instituto de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, cita um trabalho cim sobreviventes de Covid-19, um mês após a alta hospitalar, que relataram altas taxas de problemas ligados à saúde mental, como depressão, transtorno de ansiedade, transtorno do estresse pós-traumático, insônia e sintomas obsessivo-compulsivos diretamente relacionados à infecção pelo vírus.
As doenças neurológicas são aquelas que afetam o cérebro, a medula espinhal ou os nervos, levando a sintomas que podem abranger parte do sistema nervoso ou sua totalidade. Entram na lista todas as formas de dor (como cefaleia e dor nas costas), fraqueza nos músculos, perturbação nos sentidos (visão, paladar, olfato e audição), falta de coordenação, dormência e até acidente vascular cerebral (AVC).
Já os transtornos psiquiátricos envolvem uma grande variedade de condições que afetam o humor, o raciocínio e o comportamento. Dentre os distúrbios mais conhecidos estão a depressão, o transtorno de ansiedade, o estresse pós-traumático, e o transtorno bipolar.
Os transtornos psiquiátricos podem tanto agravar, quanto desencadear os transtornos neurológicos e vice-versa. Apesar disso, os dois problemas não necessariamente estão conectados.
Em um estudo realizado em Wuman, na China, sobre as consequências de longo prazo da Covid-19 aguda, foi identificado que a maioria dos pacientes (76%) relatou pelo menos um sintoma, de diferentes naturezas. A fadiga foi uma das queixas mais comumente registradas (63%), seguida por dificuldades para dormir (26%) e ansiedade/depressão (23%).
A investigação chinesa também sugere que mulheres são mais propensas do que os homens a sentir fadiga e sintomas de ansiedade e depressão, em seis meses de acompanhamento.
“Milhões de brasileiros foram infectados até agora, muitos dos quais desenvolveram ou vão desenvolver sintomas psiquiátricos. É possível que o Brasil enfrente uma onda de doenças psiquiátricas nos próximos meses e anos com impacto ainda desconhecido”, afirma Rodolfo Damiano, que é também coautor de uma pesquisa recente do departamento de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo em parceria com a Universidade de Harvard, dos EUA, sobre intervenções de saúde mental após Covid-19 e outras infecções por coronavírus.
De acordo com o levantamento nas taxas mais altas de depressão, ansiedade, comportamento suicida e transtorno de estresse pós-traumático, foram associadas a pandemias virais anteriores, incluindo SARS e MERS, sugerindo que padrões semelhantes podem surgir com a Covid-19.
“O número de indivíduos diagnosticados com doenças psiquiátricas tende a ser ainda maior, se considerarmos que parte da população, mesmo não infectada, vai desenvolver sintomas de estresse e outros males devido ao isolamento social, à carga econômica e ao desemprego após a pandemia”, afirma Damiano.
Pelo o que se sabe até agora, as sequelas neuropsiquiátricas associadas à Covid-19, surgem devido ao acometimento do cérebro pelo vírus, que tem o sistema nervoso entre suas predileções. “O SARS-CoV-19 leva a lesões indiretas ligadas à inflamação da região, ao aumento de coagulabilidade (podendo levar à trombose microvascular) e à tempestade de citocinas, que é uma resposta imunológica excessiva”, acrescenta Damiano.
Os especialistas consultados pela CNN foram unânimes em afirmar que a Covid longa requer cuidados multidisciplinares, por um período ainda indeterminado. Um estudo americano estima que 87% dos pacientes hospitalizados com Covid-19 continuam a ter sintomas 60 dias após o início da doença.
“A doença de longa duração é frustrante e debilitante para as pessoas afetadas, com potencial de impactar significativamente a sociedade em geral”, afirma a médica ginecologista e obstetra Melania Amorim, professora da Universidade Federal de Campina Grande (PB).
Muita gente sai do hospital com a plaquinha ‘venci a Covid-19’, mas, na verdade, boa parte dessas pessoas está longe de ser considerada recuperada!!!
Para piorar, os infectados recebem pouca ou nenhuma orientação sobre o que fazer após a fase aguda da doença, e são raros os municípios e hospitais que oferecem qualquer acompanhamento para esses pacientes.
Maria Lúcia Pesce
Psicóloga Clínica
CRP 06/13.333
@psicologa.marialuciapesce
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