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Relação entre Insônia e Depressão

  • Foto do escritor: saudepsicofisica
    saudepsicofisica
  • 4 de dez. de 2021
  • 4 min de leitura

Podemos dizer que a relação entre insônia e depressão é bidirecional, mas ao mesmo tempo complexa e multifatorial. Ou seja, pessoas que apresentam quadros de insônia podem vir a desenvolver quadros depressivos, e pessoas com depressão podem apresentar problemas de sono, e as causas para isso podem ser diversas. Podemos dizer que a insônia é o distúrbio do sono que mais se associa aos transtornos psiquiátricos, bem como apresenta uma relação mais evidente com a saúde mental.

Outros distúrbios do sono como apneia do sono, síndrome das pernas inquietas e narcolepsia, também se associam com quadros depressivos, mas as evidências sugerem que as pessoas com insônia tende a ter maior chance de desenvolver depressão. Segundo um estudo epidemiológico sobre sono na população geral de São Paulo, pessoas que apresentavam um quadro de insônia crônica tinham quatro vezes mais chances de apresentarem sintomas de depressão quando comparados a pessoas que não tinham queixas ou problemas de sono.

Se pensarmos na insônia como antecedente aos episódios depressivos, pode-se dizer que pessoas nessas condições irão apresentar mais sintomas como fadiga, irritabilidade, alterações de humor, mais problemas de saúde como hipertensão e diabetes, bem como dificuldades de memória e concentração. Além disso, características cognitivas da insônia, como hipervigilância, pensamentos rígidos e ruminativos, também podem levar a episódios depressivos. A depressão muitas vezes pode vir como uma consequência da insônia, o que pode piorar ou até mesmo manter o distúrbio de sono. Pesquisas sugerem que o risco de desenvolver depressão é maior entre pessoas com insônia no início e na manutenção do sono. A depressão é um transtorno psiquiátrico que apresenta sinais e sintomas como: sentimento de tristeza, desamparo, falta de esperança, perda de interesse pelas coisas, alterações de memória, pensamento de morte, perda de energia, fadiga e insônia, necessitando muitas vezes de tratamento com especialistas. A depressão também pode ser acompanhada de baixa auto-estima, ansiedade, e sintomas físicos como dores de cabeça, dores no corpo, perda ou aumento de peso, e problemas gastrointestinais.

Tais sintomas podem variar de pessoa para pessoa, mas a insônia muitas vezes pode estar presente em muitos dos casos, o que pode piorar o quadro depressivo. Cerca de 80% dos pacientes diagnosticados com depressão apresentam alteração nos padrões do sono. Indivíduos deprimidos podem sofrer de uma variedade de sintomas de insônia, incluindo dificuldade em adormecer, dificuldade na manutenção do sono, sono não reparador e aumento da sonolência diurna. Assim, pessoas com depressão podem apresentar hábitos inadequados em relação ao sono e em sua rotina, tais como: ficam na cama por muito tempo, dormem muito durante o dia, fazem pouca ou nenhuma atividade diurna, ficam em isolamento social ou confinadas, e esses comportamentos podem levar a piora do quadro de insônia e consequentemente a piora do quadro depressivo. No entanto, a relação temporal entre sintomas depressivos e insônia e se a incidência de insônia precede ou não a incidência de sintomas depressivos, ainda é controversa. Uma grande pesquisa telefônica europeia, que entrevistou 14.915 indivíduos, descobriu que 71% dos pacientes deprimidos relataram que sintomas de insônia ocorreram antes ou durante o primeiro episódio de transtorno do humor. Outros estudos evidenciaram a persistência de insônia crônica em pacientes deprimidos, apesar da resolução bem-sucedida dos sintomas de depressão.

A depressão é um transtorno de humor que tem afetado inúmeras pessoas no mundo todo. No entanto, algumas pessoas estão mais vulneráveis em desenvolver depressão do que outras, tanto pelos aspectos genético e biológico, quanto sociais e ambientais. As mulheres e os idosos estão entre elas. Essa população apresenta maior fator de risco tanto para depressão quanto para insônia. Entre os idosos fatores como viuvez, doenças crônicas, perdas de entes queridos, solidão, podem estar entre as causas mais comuns de depressão. Já entre as mulheres, as múltiplas tarefas do dia a dia referentes ao seu papel social (maternidade, vida profissional) e alterações hormonais, podem contribuir para piora dos quadros de humor e sono.

TRATAMENTO: O tratamento tanto para insônia quanto para a depressão depende da gravidade dos sintomas apresentados. Muitas vezes será necessário o uso de medicamentos e acompanhamento médico, mas sempre associado a uma medida não farmacológica, nesse caso a Terapia Cognitiva Comportamental (TCC). A TCC tem sido a linha de tratamento mais indicada como intervenção em ambos os casos (depressão e insônia), pois acredita-se que tanto os pacientes com depressão quanto os pacientes com insônia apresentam cognições (pensamentos, percepções e crenças) disfuncionais acerca do processo no qual estão vivendo. Ou seja, o paciente com depressão apresenta percepções e pensamentos de conteúdo negativo sobre si, sobre os outros e sobre o futuro, levando assim a desenvolver sentimentos ruins e por consequência comportamentos disfuncionais e inadequados, o que pode gerar sofrimentos.

Indivíduos com insônia muitas vezes apresentam preocupações excessivas, pensamentos ruminativos na hora de dormir, contribuindo para o aumento do hiperalerta cognitivo, aumento da ansiedade e agitação, levando a dificuldades em iniciar o sono. Pacientes com insônia também apresentam distorções cognitivas, falsas expectativas sobre o sono e seus hábitos, que podem levar muitas vezes ao medo de dormir, dificultando assim o início e a manutenção do sono. Dessa forma a TCC irá trabalhar na reestruturação das crenças negativas tanto na depressão quanto na insônia, levando assim a melhora das emoções e consequentemente a melhora do padrão comportamental.

Dicas para ajudar a lidar com a insônia e com a depressão: 1. Tenha horários regulares de sono, principalmente ao acordar. Isso pode melhorar o início do sono à noite. 2. Exponha-se a luz do sol pela manhã, mas caso não consiga, procure lugares mais ensolarados. O sol é um grande aliado tanto para a insônia quanto para a depressão. 3. Mesmo que esteja cansado, evite ficar no seu quarto durante o dia, levante arrume sua cama, abra as janelas e deixe o quarto arejado e claro. 4. Não faça atividades na cama como: comer, ler, estudar. Seu cérebro precisa associar seu quarto com o hábito de sono e não com estresse. 5. Evite cochilos durante o dia. Isso pode piorar o sono à noite. 6. Diminuía o uso de cafeína ou bebidas estimulantes próximo ao horário de dormir. 7. Realize atividades que lhe dão prazer, mesmo que não tenha vontade. Programe-se, o primeiro passo deve ser dado. Crie metas diárias para cumprir. 8. Anote seus pensamentos antes de dormir e tente ser mais flexível com eles, dando significados mais realistas e positivos. 9. Peça ajuda, não enfrente seus desafios sozinho, conte sempre com um amigo ou um ente querido. Se necessário procure a ajuda de um especialista na área da saúde mental: psiquiatra/psicólogo.


Maria Lúcia Pesce

Psicóloga Clínica

CRP 06/13.333

@psicologa.marialuciapesce

 
 
 

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