A Atuação do Psicólogo no Contexto Hospitalar

Na Idade Média, regida pelas decisões na Igreja Católica, as questões cientificas e voltadas ao conhecimento do desenvolvimento humano era realizado por meio da Filosofia. Priorizava-se absoluta referencia nos dogmas católicos.

As relações sociais eram determinadas pelo poder patriarcal da igreja católica, em que a organização familiar se dava por meio da descendência familiar. Ricos, sempre na posição de dominantes e pobres na condição de marginal e a mercê da sociedade. Os estudos, de música, arte e literatura eram voltados somente a classe dominante. Nessa época era inviável, pensar em questionar as questões dogmáticas impostas pela igreja católica, aquele indivíduo que pensasse diferente do que era imposto, era severamente punido.

Depois de alguns anos, surgiu a modernidade, por meio da sociedade da luz, em que a ciência toma o lugar da fé e, a sociedade é vista como passível de questionamentos e transformações.

Durante muitos anos, a atuação do psicólogo hospitalar no Brasil se materializava por meio de um profissional liberal, que atendia de forma particular e individual, utilizando os preceitos de teorias influídas ao contexto de seu consultório particular. As sessões eram de valor alto e acesso restrito a grande parte da população.

A psicologia hospitalar começou a ter destaque no âmbito da busca do conhecimento do pensamento humano e sua forma de ver e agir perante os fatos sociais.

Durante décadas inúmeros estudos relacionados ao campo da psicologia e da mente humana, foram sendo realizados para que chegássemos ao Plantão. Ao pensar na inserção do plantão psicológico em instituições que executam programas e projetos vinculados a políticas públicas, com a finalidade de inserir o psicólogo numa equipe multiprofissional, avaliação e acompanhamento, tornou-se desafiador, mas não impossível.

A psicologia hospitalar é conceituada por diversos autores como um conjunto de contribuições científicas, educativas e profissionais que as diversas correntes da psicologia proporcionam uma assistência de qualidade aos pacientes hospitalizados. Sendo assim, a atuação do psicólogo hospitalar é direcionada ao restabelecimento do estado de saúde do doente ou, ao controle dos sintomas que comprometem bem-estar do paciente.

Segundo Barbosa (2009), no contexto hospitalar, o psicólogo deve buscar estabelecer a intervenção multidisciplinar, pois, a saúde não é de competência de um único profissional, ela é uma prática interdisciplinar e os profissionais das muitas e diferentes áreas de atuação, devem agregar-se em equipes de saúde. Tem objetivos analisar as interações psicossociais e encontrar métodos adequados que propiciem uma prática integradora, tendo como enfoque a totalidade dos aspectos inter-relacionados à saúde e à doença.

A atuação juntamente com outros profissionais, se torna completa e voltada para a reabilitação do paciente.

A atuação do psicólogo no contexto hospitalar orienta-se pelos princípios da universalidade, da acessibilidade e da coordenação do cuidado, do vínculo e continuidade, da integralidade, responsabilização, humanização, equidade e participação social, considerando o paciente/familiar na sua singularidade e complexidade,

A atuação dos psicólogos na área hospitalar se dá em sua maioria na rede pública de saúde, contudo, os hospitais da rede privada estão ampliando espaços ocupacionais para o psicólogo hospitalar. Talvez isso se deva ao fato de que, cada vez mais, a presença de psicólogos em equipes multidisciplinares vem aumentando, o que favorece o reconhecimento do seu trabalho clínico, que beneficia paciente e família, além de facilitar a fluidez do trabalho de outros profissionais que compõem a equipe e do próprio hospital.

Com isso, a especialização na área aparece como uma ferramenta eficaz que favorece a prática e proporciona a reflexão acerca da revisão dos currículos de algumas universidades e faculdades que ainda não dispõem dessa disciplina e/ou estágio na sua grade de ensino.

Entende-se que o psicólogo clínico atua em hospitais, no entanto, faz-se necessário uma formação profissional direcionada para intervenções específicas e pontuais que são suscitadas por momentos de crise, permeados, principalmente, pela possibilidade de romper laços de maneira aguda ou crônica.

O papel do psicólogo na equipe multiprofissional contribui para a recuperação global do paciente, considerando a demanda oriunda de pacientes e da própria equipe, no entanto, a remuneração desses profissionais ainda não é satisfatória.

Portanto é importante ressaltar, os fatores que interligam a atuação de outros profissionais de saúde com o próprio sistema de saúde, o qual não oferta recursos materiais e financeiros para que haja um atendimento de saúde de excelência. A atual realidade é marcada por filas de espera, greves, falta de medicação, de aparelhos e de profissionais, ou seja, questões mais ligadas às políticas públicas para a saúde no Brasil que, interferem na atuação de qualquer profissional de saúde na luta para oferecer um serviço de qualidade.

Maria Lúcia Pesce

Psicóloga Clínica

CRP 06/13.333

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