Você sabe o que é “Singlism”?
- saudepsicofisica

- 23 de ago. de 2021
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Esse é um conceito que surgiu em 2005 e caracteriza a discriminação que recai sobre os solteiros, uma conjunção de estereótipos e ideias pré-concebidas sobre a “solteirice”.
Mesmo que o casamento já não seja uma ordem social estrita e novos formatos de relacionamento contemplem necessidades distintas da monogamia, pessoas solteiras continuam alvo de uma série de discriminações e estão constantemente sofrendo algum tipo de prejuízo invisibilizado socialmente.
Embora possam usufruir de independência econômica, há uma série de benefícios legais e sociais só destinados aos casados ou pessoas com filhos. Solteiros sofrem mais para comprovação de renda para negócios em geral. Com frequência mães e pais solos recebem olhar enviesado ou de comiseração. Solteiros são mais solicitados para ficar mais horas no trabalho sendo que suas horas vagas, de lazer ou descanso, são constantemente desvalorizadas.
Vários estudos demonstram que socialmente a “solteirice” é compreendida como uma fase da vida com data certa para acabar. Espera-se que a partir dos 30 anos as pessoas comecem a estruturar a vida em torno de um par amoroso. Quando se faz um recorte de gênero, isso fica ainda mais complicado: mulheres solteiras jovens são avaliadas de maneira mais positiva do que as mulheres acima de com 40 anos.
Salvam-se as mulheres com mais alto status econômico, na medida que são positivamente avaliadas por seu poder como consumidoras, o que não as excluem também do julgamento de incompletude (tem tudo, mas não tem amor). A pressão em ser uma pessoa solteira é certamente maior para mulheres do que para homens. Essa visão pré-concebida sobre a solteirice, revela que, o modelo de amor romântico ainda está atrelado à noção de satisfação pessoal, ou seja, acredita-se que para se ter uma vida plena, se faz necessário viver em conexão amorosa com alguém, nem que se tenha que perder o bom humor e renunciar à vida social.
Esse tipo de concepção sobre solteiros faz parecer frívola a experiência de prazer no contexto da amizade e da diversão, em detrimento ao compromisso de uma vida a dois. Como se as pessoas solteiras não pudessem contribuir com mais nada do que sua força laboral para o crescimento da nação e vivessem à margem, à espera, na falta.
O trabalho identitário de uma pessoa solteira necessita de reconfiguração: para resistir ao singlism, é preciso encontrar uma maneira de sentir-se pertencendo ao ambiente social, sem um olhar de autopiedade ou de constante alerta sobre as relações.
Maria Lúcia Pesce
Psicologa Clinica
@psicologa.marialuciapesce




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