Silenciar permite Escutar!

Barulhos, ruídos, sons, agitação, correria...Vivemos em uma cultura marcada pela velocidade, pelo imediatismo, pela falta de tempo, um modo de vida baseado em produzir mais e pensar menos. Queremos ouvir tudo, menos o silêncio que se apresenta como ensurdecedor. Tentamos fugir do insuportável através daquilo que nos oferecem como suportável. Estamos correndo contra o relógio e parece que nunca sobra tempo para nada. Vivemos tentando dar conta de uma infinitude de obrigações, tarefas, numa tentativa de se encaixar nas inúmeras exigências sociais de uma determinada forma de vida, que mal temos tempo para parar e pensar o que realmente queremos. Parar e ficar em silêncio sem fazer nada?, poucas pessoas conseguem. Até porque ficar em silêncio é se deparar com o vazio emocional, dar de cara com a falta, com o insuportável em nós. E por não querer ter contato com aquilo que nos convoca para olhar para nós mesmos, buscamos várias formas de fugir desse encontro. No “Toque de Recolher” no auge da Pandemia do Corona Vírus, fomos convocados a escutar esse eco, a sustentar o silêncio, se deparar com a falta que nos constituí diante da vida. Parar e se questionar: O que me move? Qual é o meu desejo? Se interrogar sobre essas formas exageradas de tentar fugir da vida. Permitir escutar mais nossos silêncios, buscar novas possibilidades de encontro com o novo e seguir o nosso próprio caminho. "Há várias formas de fugir de um encontro consigo mesmo [...] Aqui está um tempo possível para descobertas. Se a gente tiver um pouquinho de coragem e aprender a sustentar o silêncio, talvez dê para escutar algumas notas de uma possível nova melodia. Por que tanta falação? Pra que tanta barulheira? Para fugir desse encontro?". Eu sei, é angustiante. Mas por que não tentar escutar o que o silêncio tem a te dizer?

Maria Lúcia Pesce

Psicóloga

CRP 06/13333