O que fazer com o que fiz e sei que não é possível mudar o momento passado?
- saudepsicofisica

- 4 de ago. de 2021
- 2 min de leitura
Quando sentimos culpa por algo que fizemos e afetou alguém que amamos de forma negativa, podemos começar nos desculpando e refletindo sobre aquela atitude, retirando aprendizados e ao mesmo tempo, tomando cuidado para que a culpa não vire um monstro.
A culpa vira um monstro quando começa a se apossar da sua paz, fazendo com que se sinta menos capaz e com menos direitos, principalmente o direito de ser feliz. Se não se atentar para esses detalhes, começa a achar que tudo é culpa sua. É possivel notar isso em pessoas que se desculpam por tudo, o tempo todo, mesmo que não faça sentido. A culpa vira um monstro quando paralisa.
A culpa por um erro nos revela nossa humanidade, aquela que as vezes esquecemos, sabe? Porque errar é humano, e nos coloca num conflito entre o eu ideal e o eu real.
O eu ideal tem a ver com aquilo que gostaríamos de ser de acordo com os valores culturais para sermos amados e reconhecidos, que difere muito de quem realmente somos, o eu real erra, e a vida não tem uma fase de ensaio para depois fazer tudo certo, a gente vai errando e acertando no meio do caminho enquanto a vida já está de fato acontecendo, e não tem como fugir disso. Buscar a perfeição é fugir da nossa condição existencial, errar faz parte e geralmente tiramos muito aprendizado disso.
Já que não dá pra mudar ou apagar o que aconteceu, nem adianta ficar remoendo o passado, é importante procurar entender por que isso se deu, de onde surgiu o desejo para me comportar daquela forma, o que isso diz sobre mim?
É necessário olhar com mais atenção para o que a culpa veio te dizer. As vezes ela aparece para te questionar se está agindo de acordo com seus valores e intenções reais.
E finalmente ir trabalhando a ideia de que você errou e pode errar de novo, sabe? Isso te prepara para um enfrentamento menos adoecedor.
Agora, se está com alguém que cultiva essa culpa no relacionamento, trazendo o assunto doloroso com frequência e fazendo com que se sinta mal pelo erro, será que esse alguém ama você ou a idealização que tem de você?
Atente-se aos sinais de mal estar na relação e em si. Se vocês decidirem continuar o relacionamento após um erro, seja ele qual for, é importante que as pessoas envolvidas estejam dispostas a seguir, sem ficar retomando o assunto com a intenção de machucar o outro ou a si mesmo.
Se o assunto surge com frequência, repensem. Faz parte da nossa condição errar, lembra? Pode ser que um de vocês pensou que conseguiria seguir, mas com o tempo percebeu que não consegue, e tudo bem. Nossas escolhas não precisam ser uma sentença, uma decisão para o resto da vida, nós mudamos todos os dias, mesmo sem perceber.
Maria Lúcia Pesce
Psicóloga Clínica




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