Estruturando degraus para voltar a vida!

Seja repentinamente ou resultado de algum processo de autoconhecimento, podemos nos dar conta da extensão e profundidade de "buracos" que nos vitimaram. Eles são bolsões vazios de sentido, com àquele cheiro de mofo, paredes umidecidas ao redor, sem janelas e portas, masmorras. São espaços psíquicos de onde o ar vai sendo cada vez mais raro, à medida que, inspiramos com dificuldades tentando manter acesa a chama do desejo pela existência. Caímos neles por distintos motivos: negligência no âmbito do autocuidado, soberba, desconexão com nossas verdades mais essenciais, ou qualquer outro relaxamento na dimensão dos nossos "espaços" de atuação e invenção do ponto de vista histórico. A questão é compreender que eles não nos possuem e nós estamos neles de passagem. Sim! Somos inquilinos indesejados e ávidos por retornar ao percurso. Planejamos estratégias de saída urgente com a construção de degraus afetivos e emocionais que nos sirvam de fuga. Após os tropeços, quedas e levantes nos tornamos mais atentos, mais experientes, sem prejuízo de perder a audácia dos valentes. Construir degraus é uma especial habilidade, necessária e aprendida diariamente sob sol e chuva. Juntamos as últimas forças, identificamos quem nos ama de fato, reafirmamos compromissos de honra, projetamos desafios e vamos pouco a pouco vendo uma escada de escape sendo construída bem ao nosso lado. Agora é subir! É sair! É caminhar como se fosse tudo a "primeira vez" de um milhão, dentre outros tantos recomeços passados.

Maria Lúcia Pesce

Psicóloga Clínica

@psicologa.marialuciapesce